Unifesspa realiza Mucanpa em Xinguara e São Félix do Xingu
Cultura e arte estiveram no palco da 6ª Mostra Universitária da Canção Paraense (Mucanpa), realizada em Xinguara e São Félix do Xingu, sexta e sábado passados, dias 23 e 24 de novembro. Esta ação cultural é organizada pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (Proex) da Unifesspa, que estimula a realização do evento em Marabá e nos campi fora de sede para promover a integração da universidade com outros setores da sociedade por meio de apresentações de música autoral, poesia, fotografia e performance de dança.
Praça Vitória Régia, em Xinguara
Na sexta (23), o evento aconteceu na Praça Vitória Régia, em Xinguara. Foi do Instituto de Estudos do Trópico Úmido (IETU) o maior número de inscritos na Mucanpa: 8 artistas com músicas autorais, 3 performances de dança e 2 trabalhos fotográficos – um total de 13 das 29 inscrições de todo o evento. Nas apresentações musicais, além dos cantores Lourival Neves, Maria Clara, João Lira, Larissa Lira e Kelson Santos e o destaque foram as bandas The Lattes e Embalos da Terceira Idade.
Formada por acadêmicos do IETU, The Lattes é uma banda de pop rock criada para a Mucanpa e contou com a participação do professor Victor Oliveira, do curso de Licenciatura em Geografia. “A Professora Joana sabia que eu arranhava alguma coisa de música, então ela intimou: vocês vão ter que montar uma banda pra Mucanpa. Eu toco mesmo cavaquinho, mas a turma não quis uma banda de pagode, preferiu o rock. Depois de 12 anos sem tocar guitarra, nós conseguimos nos preparar em 20 dias de ensaio. Foram momentos de descontração e diversão”, disse Victor. Fizeram parte da composição da banda o professor Andrey Martin no teclado e os estudantes integrantes da banda Death Roses que também se apresentou na Mucanpa.
Representativa também foi a participação do Centro dos Idosos da cidade. Os idosos animaram a noite com a banda Embalos da Terceira Idade e, ao final da apresentação, receberam pedidos de “mais um” do público presente. Fátima Assunção é Secretária Municipal de Assistência Social do município e integrou o grupo que se apresentou pela primeira vez fora do Centro dos Idosos. “Quem esteve aqui viu que eles eram os mais animados e felizes por participarem desse momento. O Embalos da Terceira Idade não foram só um grupo que se inscreveu na Mucanpa, mas um grupo que veio do nosso incentivo e do estímulo dos professores da Unifesspa que, para além do evento, estão integrados ao centro em muitas atividades que realizamos”, destacou a secretária.
O grupo de carimbó do Centro dos Idosos se apresentou com seus músicos e dançarinos. Das 25 mulheres que fazem parte do grupo, Rosa Camelo foi uma das rodaram a saia na Praça Vitória Régia. “Estou há cinco anos nesse grupo que só me traz alegria. Eu amo dançar e fico feliz toda vez que nos convidam para eventos assim”, disse Rosa.
Além do carimbó, a cultura local foi destaque com a apresentação do grupo de folia de reis “Santos Reis”, manifestação cultural católica existente há pelo menos 40 anos em Xinguara, e por meio do grupo de dança moderna, coordenado por Israel Moraes, de 22 anos, que é coreógrafo na cidade e inscreveu seu grupo com meninos e meninas de 14 a 20 anos.
A Exposição “Múltiplos Olhares do Sul e Sudeste do Pará” tem fotografias de uma estudante e uma professora do IETU. As imagens feitas por Raiane Nascimento, da Licenciatura em História, retratam atividades do Centro Acadêmico Frei Henri des Rosiers. “Nós carregamos mais que o nome do frei, mas uma responsabilidade de carregar as lutas dos discentes dentro e fora da universidade e de apoiar as causas que ele tanto defendeu”, disse a estudante.
Raphaela Desidério, professora de Licenciatura em Geografia, está na cidade há quase 4 meses e enviou à Mucanpa as fotografias do encantamento provocado pela paisagem ao redor do campus. “Eu não tirei essas fotos pensando na mostra, mas porque gosto de fotografia e fiz essas do entorno do campus. Junto com os alunos, escolhi as fotos que enviei. Elas expressam o que é o campus, seu entorno, a paisagem natural. Quando foi decidido que a exposição seria itinerante, achei interessante, pois é uma forma de socialização de quem é a Unifesspa em Xinguara”, destacou a professora.
Joana Ferreira, anfitriã do evento, disse que a mostra foi “indescritível”. “O resultado como local com mais inscrição veio de todo o trabalho de mobilização da comunidade em busca dos artistas e manifestações culturais, que gerou um cadastro de todos os músicos que existem na cidade. E agora, na execução, foi maravilhoso ver como uniu demais a universidade com a cidade”, disse Joana, que é professora e coordenadora do curso de Medicina Veterinária. Ela foi uma das responsáveis pela execução da Mucanpa em Xinguara, junto aos demais servidores e estudantes do IETU.
A Prefeitura de Xinguara também colaborou com o evento, tanto na parceria com palco, som e iluminação, como na presença no evento, reforçando o objetivo de integração da universidade com a cidade. “Nosso incentivo às atividades da Unifesspa são para que ela se fortaleça como referência de ensino e nos fortaleça como cidade, capacitando os cidadãos para o nosso desenvolvimento”, disse o prefeito Osvaldo Assunção.
Quem reforçou a importância da consolidação da Unifesspa na cidade foi o Vilmones da Silva, Secretário de Educação e Cultura do Município. “Nossos jovens estão motivados com a presença dessa universidade pública federal à disposição dos xinguarenses. Por isso, é nossa responsabilidade integrar toda atividade realizada aqui pela Unifesspa para que ela seja nossa mola propulsora de crescimento. Precisamos nos desenvolver intelectualmente e garantir a construção de uma sociedade cada dia melhor”, concluiu Vilmones.
As atividades em Xinguara encerraram com o show dos artistas marabaense Jorginho Ropha e Lanara Moreira acompanhados de Felipe Ramos na bateria e Letícia Portela na guitarra.
Praça Céus
No sábado (24), a Mucanpa tomou a quadra da Praça Céus. Em parceria com a Prefeitura de São Félix do Xingu, o evento teve apenas duas inscrições, mas significativas para a cidade. Uma foi a de Mokuká Kayapó Mebengokré, da aldeia Moikarakô, que não se apresentou. Por isso, o palco foi dominado por Francisco Viana de Sousa.
Seu Viana, como é conhecido, tem sua história de vida atrelada à história da cidade. Em seus 70 anos, já compôs pelo menos 300 canções e 30 poesias. Perguntado sobre a inspiração para tanta produção, ele diz que “a poesia é sobre a cidade, mas as músicas são sobre dor de cotovelo e pinga”, explicou Viana.
Talento nas artes, timidez na entrevista, mas sua presença de palco explicou o reconhecimento da cidade pela figura de Seu Viana. Em sua apresentação, ele explicou uma das composições “Eu escrevia de duas a três músicas na noite. É mais ou menos assim: vem um assunto e você ‘barra’ o sono para escrever. A música que eu vou apresentar fala sobre a dor de cotovelo. Você tem uma namorada, mas se ‘despacham’. De dia, fica tudo bem, mas na hora que põe o pé do ouvido no travesseiro, vai pensar porque é que foi assim. Aí vem aquela tristeza da separação. Foi isso que inspirou essa música”, concluiu o compositor e poeta que também aproveitou o momento para contar histórias de São Félix do Xingu por meio de suas poesias.
A mobilização da cidade em torno da Mucanpa garantiu a participação de cantores da cidade, que fizeram covers de músicos sertanejos, como Gustavo Araújo e Matheus Villem, e contou com a apresentação da cantora gospel Priscila Viana.
Quem também se apresentou foi Patrícia Costa em um cover de música gospel, acompanhada no violão por Ezequiel Cazuza, secretário de cultura do município e parceiro da Unifesspa na realização do evento. “Como músico, é uma oportunidade me apresentar na Mucanpa. Como parceiro, é uma alegria contribuir com o evento, apoiando essa atividade da Unifesspa. Música é vida”, disse Cazuza.
Segundo a diretora do IEX, professora Elaine Dias, a Mucanpa estimula a atividade cultural em São Félix. “Reunimos artistas locais e conseguimos mobilizar a comunidade e evidenciar a cultura local. Foi um evento que superou as expectativas e que trará boas repercussões no cenário cultural do Município”, concluiu Elaine.
A Proex levou a São Félix o cantor Jorginho Ropha e, para performance de dança regional, Lilázia Lisboa - sereia do grupo de carimbó Batucada Misteriosa e estudante do curso de Licenciatura em Química na Unifesspa. Eles encerraram com muita música e diversão a última Mucanpa fora de sede em 2018.